sábado, 12 de setembro de 2009

Inverdades na Proclamação da República do Brasil

Inverdades e até triângulo amoroso na proclamação da República

* Paulo Gomes Lacerda

Há 117 anos, num dia de 15 de novembro, sem qualquer participação popular e sequer o apoio de grande parte da elite da época, proclamava-se a República, um fato político que deixou marcas profundamente trágicas na história brasileira.

Relatos históricos hoje melhor conhecidos contam que, naquele confuso dia de 1889, comandando algumas centenas de soldados pelas ruas do Rio de Janeiro, então capital do Brasil, o marechal Deodoro da Fonseca, tido como fiel a D.Pedro II, pretendia com sua movimentação apenas derrubar o então chefe do Gabinete Imperial (equivalente hoje ao cargo de primeiro-ministro), o Visconde de Ouro Preto, que, por sua postura liberal, desagradava aos militares conservadores. Tanto assim que, à frente da tropa, sua primeira saudação em alta voz foi "Viva sua majestade, o Imperador", e não uma saudação à república, instituição que surgiria oficialmente poucas horas depois.

Segundo farta documentação a respeito desse episódio, a decisão final dos conspiradores de derrubar o Imperador D. Pedro II aconteceu tão-somente na madrugada do dia 15 de novembro, quando um oficial republicano, o major Frederico Sólon Sampaio Ribeiro, comandante das tropas que cercavam o Paço Imperial, convenceu Deodoro a proclamar a República, relatando-lhe nada menos que inverdades. Conforme se sabe hoje, esse militar teria dito a Deodoro que o novo Presidente do Conselho de Ministros, supostamente indicado pelo Imperador e que ocuparia o posto no dia 20 de Novembro, quando também os deputados eleitos tomariam posse, seria Silveira Martins, inimigo mortal do Marechal.

Deodoro e Silveira se rivalizavam na disputa amorosa pela Baronesa do Triunfo, viúva muito bonita e elegante, de acordo com os registros da época e que sempre preferiu Silveira Martins ao marechal. Na verdade, o novo Presidente do Conselho de Ministros seria o Conselheiro José Antônio Saraiva, diplomata de renome que já chefiara o Gabinete Imperial duas vezes, entre 1880 e 1882 e por um curto período no ano de 1885.

Disse-lhe também o major Sólon que uma suposta ordem de prisão contra seu chefe havia sido expedida pelo governo imperial, versão que convenceu finalmente o velho marechal a proclamar a República no dia 16 e a exilar a Família Imperial sob as sombras da noite. Assim se evitaria que a expulsão de D. Pedro II, da Imperatriz Teresa Cristina, da Princesa Isabel e de seu marido, o Conde d´Eu fosse impedida pela população mais empobrecida, em cujo meio a família imperial era muito estimada por seus atos de caridade.

Nada houve de heróico nesse trágico acontecimento, considerando-se que a República só veio por pressão de alguns fazendeiros escravocratas, insatisfeitos com a Lei Áurea e com as propostas não aceitas pelo governo imperial para que eles fossem indenizados pela alforria de seus escravos, entre outros acontecimentos relevantes. Para deixar isto mais claro, basta mencionar que entre os deputados eleitos em 1889, que tomariam posse no dia 20 de novembro, só havia dois republicanos, o que evidencia bem o caráter de golpe militar e até entreguista da proclamação da República.

O fato foi saudado com euforia pelo enviado extraordinário do Departamento de Estado Norte Americano, Robert Adams Jr., que, ao escrever relatório sobre os acontecimentos, deixou isto bem patente: "A família imperial partiu hoje. O Governo de facto com o ministério foram estabelecidos, perfeita ordem mantida, importante reconhecermos a república primeiro. Adams" ("Imperial family sailed today. Government de facto with ministry established perfect order maintained, important we acknowledge republic first. Adams." - In SILVA, Hélio: "1889: A República não esperou o amanhecer", Porto Alegre: LP&M, p.371). Nesse mesmo dia, navios norte-americanos navegavam pelas águas territoriais brasileiras, para auxiliar o governo provisório da nova República na "imposição da ordem", numa provocação agressiva à Marinha do Brasil.

E mais: o primeiro hino nacional do Brasil republicano foi a Marselhesa, copiado da França; e sua primeira bandeira da nova ordem foi uma réplica auriverde da bandeira norte-americana. Até hoje o Brasil paga o preço por copiar outros países imaginadamente "mais desenvolvidos" ao invés de implantar seu próprio modelo nacional, que se desenhava sob a bandeira do Império, dentro da Monarquia parlamentarista!

No contraponto dessa nada heroicidade dos golpistas, D. Pedro II, pouco depois de chegar a Portugal a bordo da fragata Alagoas, da Marinha Brasileira e no início de seu exílio, como homem de princípios morais e éticos incomuns recusava-se a aceitar os termos de um decreto do governo provisório republicano que incluía a transferência à sua pessoa de cinco mil contos de réis (equivalente hoje a 4,5 toneladas de ouro ou aproximadamente R$ 2 bilhões). Enfatizando que esse dinheiro pertencia ao povo brasileiro, em seu lugar ele pediu que o substituíssem por apenas um travesseiro cheio de terra brasileira, onde poderia repousar sua cabeça, quando dormisse e também quando morresse.

Nasceu a República, além da conspiração urdida por grupos prejudicados, entre outros fatos, por causa da abolição da escravatura, também pelas invencionices de um major, a espada de um marechal, e por que não dizer, em meio à disputa de egos feridos por amores mal correspondidos. Lembramo-nos de sábias e proféticas frases do escritor Monteiro Lobato em texto onde ele expõe os descalabros republicanos que principiavam a fincar suas raízes no Brasil, que "tinha um rei. Tem sátrapas. Tinha dinheiro. Tem dívidas. Tinha justiça. Tem cambalachos de toga. Tinha Parlamento. Tem ante-salas de fâmulos. Tinha o respeito do estrangeiro. Tem irrisão e desprezo. Tinha moralidade. Tem o impudor deslavado...". Um discurso absolutamente atual esse de Monteiro Lobato!

Passaram-se décadas antes que os despojos da Família Imperial pudessem retornar ao Brasil e seus descendentes aqui colocassem seus pés. Os restos mortais de D. Pedro II, falecido em 3 de dezembro de 1891, num singelo hotel de Paris; da então Imperatriz Teresa Cristina, que morreu pouco depois de chegar à cidade do Porto, em Portugal, no começo de seu exílio; e da Princesa Isabel, que partiu deste mundo em Paris em 14 de novembro de 1921, bem como de seu marido, o Conde d´Eu, falecido em 1922 a bordo do navio que o trazia de volta ao Brasil, repousam hoje no Panteão da Catedral de São Pedro de Alcântara, em Petrópolis (RJ).

Deodoro, nascido na cidade de Alagoas (atualmente Marechal Deodoro, AL) em 5 de agosto de 1827, morreu em 23 de agosto de 1892 na cidade do Rio de Janeiro. Como sua última vontade pediu que o sepultassem em trajes civis, no que não foi atendido e seu enterro teve toda a pompa e honras militares. Os motivos para seu derradeiro desejo ele os guardou para sempre.

Em 15 de novembro, o que temos para comemorar?

* Paulo Gomes Lacerda é ensaista
Contato: news@brasilimperial.org.br

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D. Teresa Cristina última imperatriz brasileira

Dona Teresa Cristina de Bourbon-Duas Sicílias (Nápoles, 14 de março de 1822 — Porto, 28 de dezembro de 1889) foi a terceira e última imperatriz do Brasil, esposa do imperador D. Pedro II. Foi a mãe das princesas Isabel e Leopoldina. Era filha de Francisco de Bourbon, na época príncipe herdeiro do Reino das Duas Sicílias, mais tarde Francisco I (Frascesco Gennaro Guiseppe Saverio Giovanni Battista di Borbone - Due Sicilie), e de Maria Isabella de Bourbon no 2º casamento, Infanta de Espanha (D. María Isabel de Borbón y Borbón). Como princesa real, teve uma educação esmerada: belas artes, música, canto, bordado, francês e religião. Possuía natureza sensível, inteligência apurada e inclinada naturalmente ao culto da arte, tendo sido educada e instruída pelo professor Monsenhor Olivieri.

Estudiosa da cultura clássica, interessou-se especialmente pela arqueologia e as descobertas que estavam sendo realizadas, na sua época, em Pompéia e Herculano. A jovem princesa financiou e conduziu as escavações em Veio, um sítio Etrusco, 15 km ao norte de Roma. Não sabemos a razão do fato de Teresa Cristina ser levemente claudicante (manca). Pode ser que a causa tenha sido uma queda no sítio arqueológico, ou um problema congênito pré existente. O certo é que, devido a sua deficiência, ela ocupava a maior parte do tempo com seus estudos, a literatura e as artes, ao contrário de outras princesas, que apreciavam os bailes e as danças. Os biógrafos comentam a sua existência modesta, sem nenhum aparato, no velho Palácio Chiaramonti.

Casamento
Em 1842, assim que D. Pedro II atingiu 18 anos, o influente Pedro de Araújo Lima, ministro do Império, enviou à Europa seu subordinado direto, que foi o encarregado de tratar do casamento de Dom Pedro II.

Várias tentativas foram realizadas em busca de uma esposa, tendo sido cogitadas:
  1. D. Maria, arqueduquesa de Saxe,
  2. princesa Alexandrina, filha do rei da Baviera,
  3. infanta Luíza, prima da rainha da Espanha,
  4. na Áustria e
  5. até na Rússia,
mas não haviam muitas princesas a quem fosse permitido morar no Brasil. Além do mais, para os padrões da época, o imperador era considerado "pobre" (o Brasil havia gasto muito dinheiro com a Guerra da Cisplatina e as agitações do Período Regencial), não podendo almejar casamento com uma princesa de primeira linhagem.

Após uma grande procura e negociações diplomáticas, no dia 20 de maio de 1842 foi assinado em Viena o contrato de casamento entre a Princesa Teresa Cristina Maria e D. Pedro II. A noiva era 4 anos mais velha que o imperador e vinha de um Estado sem grande expressividade. A celebração do matrimônio deu-se por procuração, em Nápoles 30 de maio de 1843. Em 1º de julho do mesmo ano, na Capela Palatina do Palácio Chiaramonti, sua mão foi entregue ao Imperador D. Pedro II na pessoa do embaixador brasileiro, o Sr. José Alexandre Carneiro Leão (Visconde de São Salvador de Campos), pelo príncipe de Cila, ministro e secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros, na qualidade de delegado de Sua Majestade o rei das Duas Sicílias.

Ainda em 1842, D. Pedro enviou a Nápoles uma frota que deveria trazer a imperatriz. Durante a viagem, Teresa Cristina demonstrou suas virtudes, pois além de acompanhar com atenção um doente a bordo, estipulou que, a cada dia, um dos navios da frota destacasse um de seus oficiais para jantar com ela.

Chegou ao Brasil no dia 3 de setembro de 1843, às 5 horas e 35 minutos, com o céu escuro devido a chuvas e ventos fortes, a bordo da fragata Constituição na Fortaleza de São João (no atual Bairro da Urca - Rio de Janeiro), acompanhada pelo irmão, o príncipe Luís, Conde de Áquila, que se casaria com Dona Januária, irmã do Imperador. O desembarque ocorreu em 4 de setembro sendo que a fragata Constituição foi precedida pela Corveta Euterpe, que anunciou aos brasileiros a chegada da imperatriz. Entraram no porto, logo depois a Corveta Dois de Julho, e mais uma nau e três fragatas napolitanas.

Há quem afirme que, ao conhecer a esposa, com quem casara por procuração, D. Pedro teria cogitado em pedir a anulação do matrimônio por conta de seus minguados atributos físicos: era baixa, manca e feia. Alguns cronistas relatam que o casamento só teria se consumado um ano depois e que o imperador só não remeteu a esposa de volta à sua terra natal graças à intervenção de D. Mariana Carlota de Verna Magalhães, Condessa de Belmonte e ama do jovem monarca.

Apesar destes percalços iniciais, o casamento duraria 46 anos. D. Teresa era dotada de raro senso de cordialidade. Discreta, caridosa e inteligente, conquistou a estima do marido graças ao interesse comum em assuntos culturais. Na frota que a trouxe ao Brasil fez embarcar artistas, músicos, professores, botânicos e outros estudiosos. Aos poucos, enriqueceria a vida cultural e científica brasileira, mandando vir de sua terra as primeiras preciosidades artísticas recuperadas de Herculano e Pompeia, enviadas por seu irmão, Fernando II. Boa cantora e boa musicista, alegrava o palácio com saraus constantes. Delicada e submissa, foi uma mãe dedicada às duas filhas que vingaram.

A imperatriz possuía dotes artísticos que nem todos conheciam e hoje são pouco comentados. Enquanto cuidava de suas filhas em um dos jardins do Palácio de São Cristóvão, no Rio de Janeiro, denominado então Jardim das Princesas, Dona Teresa Cristina demonstrou o seu conhecimento e talento para o mosaico. Utilizou-se de conchas, recolhidas nas praias do Rio de Janeiro, e cacos das peças de serviço de chá da Casa Imperial que ela utilizou com argamassa para recobrir os bancos, tronos, fontes e paredes do Jardim das Princesas. Pouco utilizado entre nós, o mosaico é denominado Arte Musiva (tanto mosaico quanto museu e música vêm do latim musa). Teresa Cristina foi precursora deste tipo de arte, coisa pouquíssimo divulgada pelos historiadores e especialistas. Muitos anos depois Antoni Gaudí e Josep Maria Jujol "revolucionaram" o mundo das artes com um trabalho semelhante ao que Dona Teresa Cristina já realizava em São Cristóvão, tendo, no entanto, muito mais reconhecimento do que ela. Atualmente é muito difícil ver esses trabalhos, pois esta área do museu está fechada ao público devido a atos de vandalismo perpetrados por visitantes que recolhiam pedaços, lascas e até cacos inteiros como lembrancinhas do passeio a Quinta da Boa-Vista.

Pedro II foi um marido cordial, embora tenha sido infiel em várias ocasiões, especialmente por conta de seu longo romance com Luísa Margarida de Portugal e Barros, Condessa de Barral e Pedra Branca. Apesar das aventuras extra-conjugais, bastante comuns no meio aristocrático da época, onde os casamentos eram tratados como assunto de Estado, o casal imperial viveu sempre em harmonia doméstica, a qual ficava mais patente quando estavam no Palácio de Petrópolis, construído entre os anos de 1845 e 1862.

Em sua residência de verão, os soberanos podiam dar-se ao luxo de levar uma existência prosaica, onde o protocolo estava suspenso e o cotidiano era virtualmente idêntico ao das grandes famílias de fazendeiros da época:
  1. acordavam cedo,
  2. almoçavam às dez horas
  3. jantavam às dezesseis
  4. banhavam-se, cada um na própria alcova, às dezessete horas, e
  5. ceavam entre as dezenove e as vinte

A imperatriz cuidava ela mesma de parte dos jardins, especialmente as roseiras e, algumas vezes, cozinhava. Teresa Cristina era napolitana e, em assim sendo, acredita-se que tenha sido ela a responsável pela introdução das massas no cardápio da família imperial.

Em 1864 um evento demonstra a relativa "liberalidade" do casal. O imperador havia tratado, através de seus ministros, o casamento da princesa Isabel, herdeira do trono, com o duque Luís Augusto de Saxe-Coburgo-Gota, o segundo filho de Augusto de Saxe-Coburgo-Gota e da princesa Clementina de Orléans; ao mesmo tempo, o primo deste, Luís Filipe Maria Fernando Gastão de Orléans e Saxe-Coburgo-Gota (Louis Phillipe Marie Ferdinand Gaston d'Orléans et Saxe-Cobourg et Gotha), conde d'Eu, foi prometido à princesa Leopoldina. Quando da chegada dos dois jovens, as princesas perceberam que deveria ocorrer uma troca, pois cada uma delas havia se encantado pelo pretendente da outra, e imediatamente solicitaram aos pais que a troca fosse realizada. Tanto D. Pedro quanto D. Teresa Cristina, favoráveis a que os casamentos fossem motivados não apenas pelas questões dinásticas, mas também pelos afetos, até porque, no seu próprio caso, havia ocorrido um choque inicial, consentiram imediatamente.

Foram inúmeras as viagens que o casal imperial realizou, tanto nacionais quanto internacionais. No sentido de conhecer as províncias do Império, mesmo as mais distantes, estiveram em:
  • Santa Catarina,
  • Rio Grande do Sul (1845 e 1865),
  • São Paulo (1846, 1876 e 1886),
  • Pará, Maranhão,
  • Piauí (a cidade de Teresina recebeu este nome em homenagem à imperatriz),
  • Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba,
  • Pernambuco (o "Palácio do Campo das Princesas", em Recife, recebeu este nome em homenagem às jovens Isabel e Leopoldina),
  • Alagoas, Sergipe, Bahia e Espírito Santo,
  • Vila Rica (Ouro Preto-MG), em 1881, foram efusivamente comemorados pelo romancista Bernardo Guimarães, autor de 'A escrava Isaura'

Em 1871 faleceu em Viena, de febre tifóide (muito comum na Europa naquela época, devido às precárias condições de higiene), a princesa Leopoldina. Os avós foram então buscar os dois netos mais velhos, Pedro Augusto e Augusto Leopoldo, que haviam mantido a nacionalidade brasileira, para serem criados no Brasil. Os dois mais novos, José Fernando e Luís Gastão, que não conservaram a nacionalidade brasileira, ficaram na Europa para serem criados pelo pai. O imperador e a imperatriz aproveitaram para viajar pela Europa e Oriente Médio (onde chegaram já em 1872 e visitaram o Egito e a Palestina).

Em 1876, viajaram à América do Norte (onde o monarca inaugura a Feira da Filadélfia, organizada para comemorar o Centenário da Independência dos EUA), novamente a Europa (regressaram também em 1888, para tratamento médico) e os seus locais favoritos no Oriente Médio. "A visita de D. Pedro II a Jerusalém, em 1876, foi um dos marcantes acontecimentos locais da época. Para só citar um exemplo, basta dizer que a Imperatriz Dona Teresa Cristina, conforme sublinham as crônicas, foi a primeira imperatriz, depois de Santa Helena, mãe do Imperador Constantino, que pisou naquelas terras tão caras aos cristãos."

Morte
D. Teresa faleceu em condições dramáticas, vítima de uma síncope cardíaca poucos dias depois da Proclamação da República no Brasil, em 15 de novembro de 1889. O historiador Max Fleiuss afirma: “Costuma-se dizer que o dia 15 de novembro foi uma revolução incruenta, feita com flores. Houve, porém, pelo menos uma vítima: a Imperatriz”.

Durante toda a viagem marítima que conduziu a Família Imperial Brasileira rumo ao exílio, D. Teresa esteve em estado de choque, entorpecida pelo tratamento rude que os republicanos dedicaram à dinastia deposta. Ao embaixador da Áustria presente no embarque, perguntou: "Que fizemos para sermos tratados como criminosos?" No desembarque em Portugal retirou-se para um hotel simples, na cidade do Porto, onde sentiu-se mal. Um médico chamado às pressas nada pôde fazer. Suas últimas palavras teriam sido: "Brasil, terra abençoada que nunca mais verei". Foi sepultada no Panteão de São Vicente de Fora, de onde seus restos foram trasladados para o Mausoléu Imperial da Catedral de Petrópolis.

Os jornais europeus comentaram a morte da Imperatriz. Le Figaro escreveu em 29 de dezembro de 1889: “A Europa saudará respeitosamente esta Imperatriz morta sem trono, e dir-se-á, falando-se dela: sua morte é o único desgosto que ela causou a seu marido durante quarenta e seis anos de casamento”. No mesmo dia o jornal Le Gaulois afirmou: “Era uma mulher virtuosa e boa, da qual a História fala pouco, porque nada há de mal a dizer-se”.

Em sua homenagem foram batizados os municípios brasileiros de Teresina (Piauí), Teresópolis (Rio de Janeiro), Cristina (Minas Gerais), Imperatriz (Maranhão), Cristinápolis (Sergipe) e Santo Amaro da Imperatriz (Santa Catarina).

Ao doar sua coleção iconográfica para a Biblioteca Nacional do Brasil, D. Pedro II fez uma única exigência: que a coleção ganhasse o nome de sua esposa (Coleção Teresa Cristina Maria). A coleção é hoje tombada pela Unesco como patrimônio mundial.

Dotado de vocação para a poesia, profundamente consternado com a morte da esposa, D. Pedro II escreveu em 1891:

À Imperatriz
Corda que estala em harpa mal tangida,
Assim te vás, oh doce companheira
Da fortuna e do exílio, verdadeira
Metade de minh'alma entristecida!
De augusto e velho tronco hastea partida
E transplantada em terra brazileira,
Lá te fizeste a sombra hospitaleira
Em que todo infortúnio achou guarida.
Feriu-te a ingratidão, no seu delírio;
Cahiste, e eu fico a sós, neste abandono,
Do seu sepulchro vacillante cirio!
Como foste feliz! Dorme o seu somno,
Mãe do povo, acabou-se o teu martyrio,
Filha de Reis, ganhaste um grande throno!
D. Pedro D'Alcantara

Seu nome completo era: Teresa Cristina Maria Giuseppa Gasparre Baltassarre Melchiore Gennara Rosalia Lucia Francesca d'Assisi Elisabetta Francesca di Padova Donata Bonosa Andrea d'Avelino Rita Liutgarda Geltruda Venancia Taddea Spiridione Rocca Matilde di Bragança e Borbone.

Descendência
D. Teresa Cristina foi mãe dos príncipes:
  • D. Afonso (1845-1847),
  • D. Isabel (1846-1921),
  • D. Leopoldina (1847-1871) e
  • D. Pedro (1848-1850)
Origem: Wikipédia

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Benção


"Que o caminho seja brando a teus pés, O vento sopre leve em teus ombros.Que o sol brilhe cálido sobre tua face, As chuvas caiam serenas em teus campos. E até que eu de novo te veja.... Que Deus te guarde na palma de Sua mão."
(Uma antiga bênção Irlandesa)
 
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