quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Otávio César Augusto - Por: Suetônio

A família Otávia, segundo inúmeras testemunhas, era uma das primeiras de Velitris. Na parte mais movimentada da cidade havia um bairro chamado "Otávio" e nele se erguia um altar consagrado a certo Otávio que havia comandado numa guerra contra um povo vizinho. Avisado, em meio a um sacrifício que oferecia a Marte, de uma incursão súbita do inimigo, arrebatou do fogo as entranhas mal cozidas, cortou-as, correu ao combate e retornou vencedor. Existia, até, um decreto público que ordenava apresentar-se a Marte, daí por diante, todos os anos, as entranhas daquela mesma forma, e os restos deviam ser levados aos Otávios.


Essa família que o rei Tarquinio Prisco havia incluído no rol das famílias romanas, foi logo colocada entre as patrícias por Sérvio Túlio. Tornada em seguida, plebéia, viu-se depois de muito tempo, restabelecida no partido pelo divino Júlio. O primeiro desta família a obter uma magistratura pelo voto popular foi Caio Rufo. Depois de ter sido questor, teve dois filhos:
  1. Cnéio e
  2. Caio,
dos quais provieram dois braços da família dos Otávios, de condição muito diversa.

Cnéio: todos os seus descendentes desempenharam os mais altos cargos.
Caio: sua posteridade, restaram na ordem dos cavaleiros até o pai de Augusto. Seu bisavô serviu na Sicília, na segunda guerra Púnica, como tribuno dos soldados, sob as ordens do general-chefe Emílio Papo. O avô exerceu funções municipais e envelheceu na maior tranquilidade, nadando na opulência. Seu pai gozou sempre duma grande fortuna e de muita consideração, morreu de morte súbita voltando da Macedônia. Deixou com sua mulher Ancária, Otávio, seu primogênito e com Ácia, Otávia e Augusto. Ácia era filha de Marco Ácio Balbo e de Júlia, irmã de Caio César. Balbo do lado materno era um aricínio, com muitos senadores na família. Do lado materno, ficava muito perto de Pompeu, "o grande".

Vida e Reinado
Augusto nasceu, sob o consulado de Marco Túlio Cícero e de Antônio, em 9 outubro, no bairro do Palatino. Aos quatro anos de idade perdeu o pai. Aos doze pronunciou, em público, o elogio fúnebre da sua avó Júlia. Quatro anos mais tarde, tomou a toga viril. Por ocasião do triunfo de César na África, foram-lhe conferidas honras militares, ainda que sua idade não lhe permitisse ir à guerra. Seu tio partiu para as Espanhas, combater o filho de Cnéio Pompeu, não tardou em segui-lo. Depois da vitórias e da volta de seu tio, este lhe mandou para Apolônia, onde se entregou aos estudos. Foi lá que soube do assassinato do ditador, que o instituía seu herdeiro. Regressou a cidade e reinvidicou a sua herança, apesar da irresolução da sua mãe e dos vivos esforços do seu padrinho Marco Filipo, personagem consular, que queria dissuadi-lo de tal intento. E a partir desse momento, com o levante dos exércitos, governou a República, a princípio com Marco Antônio e Marco Lépido, depois com Antônio somente, durante cerca de 12 anos e finalmente, sozinho, durante 44 anos.

Fez 5 guerras civis:
  1. Módena – contra Marco Antônio
  2. Felipe – contra Bruto e Cássio
  3. Perúsia – contra Lúcio Antônio
  4. Sicília – contra Sexto Pompeu, filho de Cnéio
  5. Âncio – contra Marco Antônio e Cleópatra

Estas guerras tiveram por princípio e por causa, em que ele acreditava, de vingar a morte do tio e defender-lhe os atos.

Durante mais de 40 anos, tanto no inverno como no verão, dormiu no mesmo quarto. Os retiros que mais frequentou foram os vizinhos do mar, como as ilhas de Campânia ou as povoações situadas nas proximidades da Cidade, como Lanúvio, Prenete e Tíbur.

Comia pouquíssimo e sua nutrição era quase trivial. Gostava de pão caseiro, peixinhos, queijo de leite de vaca feito à mão, figos frescos. Alimentava-se sem esperar pela hora de refeições, a qualquer momento em qualquer lugar. Gostava pouco de vinho, tinha predileção pelos da Récia.

Era de uma beleza notável, cujo encanto extraordinário manteve em todas as fases de sua vida. Tinha os olhos claros e brilhantes. Na velhice, enxergava pouco com o olho esquerdo. Seus dentes eram falhados, pequenos e desiguais. Cabelos ligeiramente ondulados e quase louros. Supercílios unidos, orelhas medianas, nariz proeminente na parte superior e afilado na ponta. Tez entre morena e branca. Talhe pequeno.

Morreu no mesmo quarto que morrera seu pai, no décimo quarto dia das calendas de setembro, à nona hora do dia, faltando 35 dias para seus 66 anos de idade

Descendência
Na adolescência foi noivo da folha de Públio Servilho Isáurico. Depois de reconciliado com Antônio e à insistência dos dois partidos que desejavam estabelecer entre eles um laço de família, desposou a afilhada de Antônio Cláudia, filha de Fúlvia e de Públio Clódio e que tinha apenas atingido a idade para se casar. Depois da desavença com sua sogra, devolveu-lhe a filha ainda pura e virgem. Em pouco tempo casou-se com Escribônia, viúva de duas personagens consulares e que possuía filhos do segundo matrimônio, com quem teve uma filha – Júlia. Desgostoso divorciou-se dela, em virtude da desaprovação dos seus costumes e raptou, ao mesmo tempo, Lívia Drúsila, embora grávida do seu marido Tibério Nero, amando-a e estimando-a de maneira singular e constante, não teve filhos com esta. Casou sua filha primeiramente com Marcelo, filho de sua irmã Otávia, quando este faleceu, deu Júlia em casamento a Marco Agripa, que depois de sua morte, por longo tempo foram examinados numerosos pretendentes para a sua filha, até escolher Tibério, seu afilhado e filho de Lívia (sua esposa).

De Agripa e Júlia teve 5 netos:
  1. Caio – adotado por Augusto
  2. Lúcio – adotado por Augusto
  3. Agripa – adotado por Augusto depois da morte dos outros dois netos
  4. Júlia – casou com Lúcio Paulo, filho do censor
  5. Agripina – casou com Germânico, neto de Otávia (irmã de Augusto)
Educou sua filha e seus netos da maneira mais simples, a ponto de habituá-los ao trabalho da lã. A maior parte das vezes era ele quem ensinava a leitura, a escrita e outros conhecimentos elementares aos netos. Procurava, com singular cuidado, que lhe imitassem a caligrafia.. Fazia-os sentarem-se, às refeições, perto de seu leito. Quando viajava de carro, tinha-os sempre junto de si. Quando a cavalo, ao seu lado.

Repudiou as duas Júlias, a filha e a neta, maculadas por toda a espécie de infâmias. Perdeu no espaço de 18 meses, Caio e Lúcio, adotou seu terceiro neto Agripa, e ao mesmo tempo, seu afilhado Tibério. Bem cedo, renegou Agripa, em virtude de seu caráter baixo e feroz.

Fonte: livro 'A Vida dos Doze Césares' de Suetônio

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Benção


"Que o caminho seja brando a teus pés, O vento sopre leve em teus ombros.Que o sol brilhe cálido sobre tua face, As chuvas caiam serenas em teus campos. E até que eu de novo te veja.... Que Deus te guarde na palma de Sua mão."
(Uma antiga bênção Irlandesa)
 
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