quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Imperador Calígula

Caio Júlio César Augusto Germânico (em latim Gaius Julius Caesar Augustus Germanicus; 31 de agosto de 12 - 24 de janeiro de 41), também conhecido como Caio César ou Calígula, foi imperador romano de 16 de março de 37 até o seu assassinato, em 24 de janeiro de 41. Foi o terceiro imperador de Roma e membro da Dinastia Júlio-Claudiana, instituída por Augusto. Ficou conhecido pela sua natureza extravagante e por vezes cruel. Foi assassinado pela guarda pretoriana em 41, aos 29 anos. A sua alcunha Calígula (que significa "botinhas" em português) foi posta pelos soldados das legiões comandadas pelo pai, que achavam graça vê-lo mascarado de legionário, com pequenas caligae (sandálias militares) nos pés.


Era o filho mais novo de Germânico, que era filho adotivo do imperador Tibério. Germânico é considerado como um dos maiores generais da história de Roma. As suas relações com Tibério pareceram melhorar quando este se mudou para Capri e foi designado pontifex. À sua morte —a 16 de março de 37 — Tibério ordenou que o Império devia ser governado conjuntamente por Calígula e Tibério Gemelo.

Após desfazer-se de Gemelo, o novo imperador tomou as rédeas do Império. A sua administração teve uma época inicial pontuada por uma crescente prosperidade e uma gestão impecável; mas a grave doença que atacou o imperador marcou um ponto de inflexão no seu jeito de reinar. Apesar de que uma série de erros na sua administração derivaram numa crise econômica, empreendeu um conjunto de reformas públicas e urbanísticas que acabaram por esvaziar o tesouro. Apressado pelas dívidas, pôs em funcionamento uma série de medidas desesperadas para restabelecer as finanças imperiais, entre as que se destaca pedir dinheiro à plebe.

Nos seus últimos anos de vida esteve envolvido numa série de escândalos entre os quais se destacam manter relações incestuosas com as suas irmãs e até mesmo obrigá-las a prostituir-se. A 24 de janeiro de 41, foi assassinado pelos executores de uma conspiração integrada por pretorianos e senadores, e liderados pelo seu praefectus, Cássio Querea. O desejo de alguns conspiradores de restaurar a República viu-se frustrado quando, no mesmo dia do assassinato de Calígula, o seu tio Cláudio foi declarado imperador pelos pretorianos. Uma das primeiras ações de Cláudio como imperador foi ordenar a execução dos assassinos do seu sobrinho.

Existem poucas fontes sobreviventes que descrevam o seu reinado, nenhuma das quais refere de maneira favorável; pelo contrário, as fontes centram-se na sua crueldade, extravagância e perversidade sexual, apresentando-o como um tirano demente. Tornou-se o primeiro imperador a se apresentar frente ao povo como um deus.

Família
Nascido nas imediações de Anzio, Calígula era o terceiro dos seis filhos sobreviventes do matrimônio entre Germânico e Agripina. Os seus irmãos foram Nero e Druso, e as suas irmãs Júlia Livilla, Drusila e Agripinila. Por parte do seu pai era sobrinho do futuro imperador Cláudio.

Germânico, o seu pai, era um importante membro da Dinastia Júlio-Claudiana; e é hoje em dia considerado como um dos maiores generais do Império Romano. Era filho de Nero Cláudio Druso e Antônia, a Jovem, neto de Tibério Cláudio Nero e Lívia; e sobrinho neto e filho adotivo de Augusto. Agripina era filha de Marco Vipsânio Agripa e Júlia a Maior, e neta de Augusto e Escribônia.

Juventude
Durante a sua infância (com apenas dois ou três anos) acompanhou o seu pai nas campanhas que este liderou a norte de Germânia; tornando-se o mascote do exército. Aos soldados divertia-os o fato de ir vestido com um uniforme militar em miniatura que incluía botas e armadura, e por isso deram-lhe a carinhosa alcunha de "Calígula" ("botinhas"). Aparentemente, o futuro imperador odiava a sua alcunha. Quando tinha sete anos acompanhou Germânico a uma expedição a Síria. Nessa expedição faleceu o seu pai a 10 de outubro de 19. Segundo Suetônio, Germânico foi envenenado através de um agente contratado por Tibério, que via o general como um perigoso rival político.

Após a morte do seu pai, mudou-se a Roma com a sua mãe até deteriorarem-se as relações entre ela e Tibério. O imperador não podia permitir que Agripina se casasse, por medo que seu marido se tornasse um possível adversário político, e ela e Nero César foram exilados em 29 por traição. Calígula, que por essa época era um adolescente, foi morar com a sua bisavó e mãe de Tibério, Lívia. Após a morte de Lívia, foi acolhido pela sua avó Antônia. Em 30 Druso César foi encarcerado e Nero César faleceu no exílio, não é sabido se por inanição ou por suicídio. Suetônio escreve que após o desterro da sua mãe e os seus irmãos, ele e as suas irmãs ficaram prisioneiros de Tibério que submeteu-os a uma estreita vigilância por parte dos soldados imperiais.

Em 31, Calígula passou a fazer parte do pessoal encarregado dos cuidados de Tibério em Capri, onde o jovem permaneceu durante seis anos. Surpreendentemente, Calígula reconciliou-se com o imperador. Segundo certos historiadores era um excelente ator que, vendo o perigo, decidiu esconder o ressentimento que tinha com Tibério.

Em 33, Tibério concedeu-lhe o cargo de questor, que conservou até a sua nomeação como imperador. Por essa época faleceram em prisão Agripina e Druso, a sua mãe e irmão. Tibério contraiu matrimônio com Júnia Claudilla. Este matrimônio terminou com a morte de Júnia durante um parto no ano seguinte. Em 35, Calígula e Tibério Gemelo foram designados herdeiros ao trono.

Início do reinado
Quando Tibério faleceu a 16 de março de 37, a sua posição e títulos adquiridos como princeps foram transferidos a Calígula e ao neto de Tibério, Tibério Gemelo. Apesar de Tibério ter então 77 anos, alguns historiadores defendem que foi assassinado.
  • Tácito escreve que o praefectus Macro asfixiou o imperador a fim de garantir a ascensão de Calígula;
  • Suetônio afirma que até mesmo o novo herdeiro pode ter sido o autor do assassinato;
  • Fílon e Josefo registram que Tibério faleceu por morte natural.
Calígula foi designado imperador ao anular o testamento de Tibério alegando demência deste ao outorgá-lo.

Calígula aceitou todos os poderes do Principado que lhe conferiu o Senado Romano e, quando entrou em Roma a 28 de março, foi recebido por uma grande multidão que o aclamou entre outros com as alcunhas de "o nosso bebê" e "a nossa estrela". É descrito como o primeiro imperador que, no momento da sua ascensão, era apreciado por todos. Este apreço era devido ao fato de ser o filho do finado Germânico, muito amado pela plebe, bem como o sucessor de Tibério, cuja época final no trono fora terrível para o povo romano. Segundo Fílon, os primeiros sete meses do reinado de Calígula foram dos mais felizes que experimentara o Império em muito tempo.

Os primeiros atos de Calígula como imperador foram generosos com o povo e o exército embora, segundo Dião Cássio, fora em parte devido a simples interesses políticos:
  1. concedeu à Guarda Pretoriana e às tropas urbanas e fronteiriças uma generosa recompensa pelos serviços prestados, a fim de ganhar o apoio do exército;
  2. destruiu os documentos nos quais ficaram registrados os nomes dos acusados de traição durante o mandato de Tibério;
  3. declarou que os juízos por traição eram coisa do passado;
  4. chamou para Roma os exilados;
  5. ajudou os afetados pelo sistema de impostos imperial, desterrou os delinquentes sexuais;
  6. celebrou luxuosos espetáculos, tais como os combates de gladiadores, ganhando assim o apoio do povo;
  7. recolheu os ossos da sua mãe e os seus irmãos e depositou-os no Ara Pacis.


Enfermidade e conspirações
Fazendo realidade um auspício formulado em princípios do seu reinado, Calígula caiu gravemente enfermo em outubro de 37. Segundo Fílon a sua doença devia, após ser nomeado imperador, aos excessos. O Império ficou paralisado ao receber a notícia da doença, pois o seu jovem monarca levara-os para um período de prosperidade que diziam equiparável ao de Augusto. Embora Calígula conseguisse recuperar-se por completo desta doença, o estar tão perto da morte marcou um ponto de inflexão no seu modo de reinar.

Forçou a cometer suicídio àqueles exilados durante o seu reinado: a sua esposa; o seu sogro, Marco Silano; e o seu primo, Tibério Gemelo. Fílon escreve que Gemelo instigou uma conspiração contra Calígula enquanto o imperador estava enfermo.

O deus
Em 40, Calígula desenvolveu uma série de políticas muito controvertidas que fizeram da religião um importante elemento do seu papel político. O imperador começou a realizar as suas aparições públicas vestido de deus e semideus, como Hércules, Mercúrio, Vênus e Apolo. Referia a si mesmo como um deus quando comparecia ante os senadores, e ocasionalmente aparecia nos documentos públicos com o nome de Júpiter. Erigiu três templos dedicados a si mesmo; dois em Roma e um em Mileto, na província da Ásia. No Fórum, o Templo de Castor e Pólux foi vinculado diretamente à residência imperial no Palatino e dedicado a Calígula. Foi nesta época que começou a aparecer como um deus frente a plebe.

A política religiosa de Calígula rompia totalmente com a dos seus predecessores. Segundo Dião Cássio, os imperadores vivos podiam ser adorados no Oriente , enquanto os imperadores mortos o podiam ser em Roma. Augusto até mesmo escreveu uma obra a respeito do seu espírito, embora Dião considere este ato como uma medida extrema que os imperadores preferiam esquivar. Calígula foi muito mais além de obrigar o Senado e o povo a render-lhe culto em vida.

Assassinato e consequências
Segundo Josefo, as ações do imperador desencadearam uma série de conspirações até finalmente ser assassinado; os envolvidos foram os integrantes da Guarda Pretoriana, liderados por Cássio Querea. Embora o complô fosse concebido somente por três homens, parece ser que muitos senadores e soldados estavam a par e envolvidos.

A 24 de janeiro de 41, Querea e uns pretorianos abordaram Calígula enquanto o imperador se dirigia a um grupo de novos atores que participavam em uns jogos. Querea foi o primeiro a apunhalar o imperador, seguido pelo restante de conspiradores. Suetônio assinala as similaridades entre o assassinato de Calígula e o de Júlio César. O historiador escreve que o velho Caio Júlio César (Júlio César) e o novo Caio Júlio César (Calígula) foram assassinados por 30 conspiradores liderados por um homem chamado Cássio (Cássio Longino e Cássio Querea). Quando os guardas germanos do imperador se deram conta de que Calígula estava sendo atacado, este já estava morto. Cheios de dor, os germanos responderam assassinando conspiradores, senadores, transeuntes e inocentes por igual.

O Senado tratou de usar a morte de Calígula para restaurar a República e, pela sua vez, Querea tentou convencer o exército para que apoiasse os senadores. Porém, os militares permaneceram leais à figura do imperador, e a plebe unanimemente pediu que os assassinos de Calígula fossem levados frente da justiça. Vendo-se sem apoios, os assassinos apunhalaram a mulher de Calígula, Milônia Cesônia, e à sua filha, Júlia Drusilla, a quem romperam o cranio ao bater a cabeça contra um muro, mas não encontraram o tio de Calígula, Cláudio, que fugiu da cidade. Após ter-se assegurado do apoio da Guarda Pretoriana, Cláudio foi designado imperador e ordenou a execução dos assassinos do seu sobrinho. O corpo do imperador foi escondido até poder ser incinerado e sepultado pelas suas irmãs. Permaneceu no Mausoléu de Augusto até que, em 410, durante o saque de Roma, as suas cinzas foram espalhadas.

Demência
Exceto Plínio o Velho, todas as fontes sobreviventes descrevem a Calígula como um louco. Porém, não se sabe se estão falando literal ou figuradamente. Além disso, é difícil separar a realidade da ficção levando em conta a impopularidade do imperador entre essas fontes. Os historiadores modernos trataram de atribuir uma razão médica ao seu instável caráter, alegando a possibilidade de que padecera encefalite, epilepsia ou hipertiroidismo; fala-se de adiatrepsia, uma palavra grega que o imperador aplicou para descrever a sua própria conduta.

Fílon de Alexandria, Flávio Josefo e Sêneca, o Moço descrevem a Calígula como um demente, mas alegam que esta loucura era resultado da experiência dos anos. Segundo Sêneca, o imperador transformou-se num homem arrogante e grosseiro na sua ascensão ao trono. Josefo pensa que foi o poder que tornou Calígula um arrogante, fazendo-lhe acreditar que era um deus. Fílon defende que a sua personalidade experimentou um radical câmbio quando esteve prestes a falecer de uma doença. Segundo Juvenal, o imperador bebeu uma poção que o tornou louco.

Origem: Wikipédia

Leia Mais…

Benção


"Que o caminho seja brando a teus pés, O vento sopre leve em teus ombros.Que o sol brilhe cálido sobre tua face, As chuvas caiam serenas em teus campos. E até que eu de novo te veja.... Que Deus te guarde na palma de Sua mão."
(Uma antiga bênção Irlandesa)
 
© 2008 Templates e Acessórios por Elke di Barros